Enigmas da primavera
Acaba de ser lançado o último romance de João Almino, Enigmas da primavera, para o qual escrevi a seguinte orelha:
Reflexão cândida e profunda sobre a falta de alternativas, este livro é também sobre a razão que, aliada à imaginação, faz brotar saídas. Não a razão abstrata e onipotente, capaz de promover o horror, mas uma razão que quer testar o mundo e aprender, no embate perene entre a tolerância e a intolerância.
O passo quixotesco da narrativa, os livros que se inscrevem dentro do livro, o herói falhado, a religião e a fé, o oriente e o ocidente, o islã, o cristianismo e o judaísmo, o Brasil e o mundo, tudo se condensa neste romance em que a juventude e a política se dão as mãos, como a lembrar que, há não tanto tempo, o impossível ainda parecia necessário e urgente.
Diante das mais dúbias primaveras, o protagonista busca, confuso e insaciável, o horizonte que reconforta, mas que teima em se fazer distante. Este é um livro sobre o roubo da utopia, e é portanto sobre o nosso tempo. Mas ele é também, ao fim, uma aposta alta e sonora no renascimento da esperança. Enigmas da primavera, em suma, é sobre o tempo em que o futuro e o desejo se encontram, tendo o escritor como única e angustiada testemunha.