Boicote aos pilantras: Vichy é aqui

Com muito orgulho, entrei numa lista (“a ordem é boicotar esses pilantras”) de algum bolsonarista mais tresloucado: https://congressoemfoco.uol.com.br/eleicoes/seguidores-de-bolsonaro-divulgam-lista-e-pedem-boicote-a-celebridades/.

Para além da honra da boa companhia (quem não gosta de estar ao lado da Anitta?), e agora falando sério, ontem eu estava assistindo a Le chagrin et la pitié, o belo filme de Marcel Ophüls sobre a ocupação nazista da França. É um tapa na cara ver como as elites e a população locais entram no esquema colaboracionista porque veem no Marechal Pétain um mal menor, alguém capaz de dar rumo ao caos da economia e de reagir à anomia, que aliás é uma forma pedante de nomear o fantasma da democracia, que parece assombrar especialmente os prósperos industriais gálicos. Melhor um bom autoritário agora que ter que voltar ao experimento democrático, sempre tão custoso.

Como diz o admirável Pierre Mendès France (o resistente socialista que seria mais tarde crítico da política colonial francesa e responsável pela retirada da França da Indochina), os franceses sempre gostaram de um pai, de preferência um militar.

Pétain é uma farsa, porque em plena guerra a vida continuava, mais ou menos sorridente, enquanto as perseguições rolavam soltas.

Dizem que a história só se repete como farsa.

Talvez.

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