Andalucía

A Andalucía é uma lição de como nossas noções contemporâneas de relativismo cultural não passam no teste do turismo histórico. Lá, a paisagem é um imenso palimpsesto: na mesquita de Córdoba, em La Alhambra, em Sevilla, um desejo cristão de apagar ou ressignificar a marca árabe não tem jamais vergonha de si mesmo. Como se um matamoros tresloucado sobrevivesse em cada linha, em cada gesto que dá forma ao que hoje se vê.

O folheto que a arquidiocese de Córdoba distribui para os turistas que visitam a mesquista é particularmente chocante, porque nele se supõe que a vitória dos cristãos era o simples advento da História. Como se devêssemos varrer do mapa aquele Outro que a ciscunspecção católica quer expulsar de si.

Na mesquita, lembrei das belas páginas de Freyre sobre o “sensualismo” árabe aflorando nos exercícios espirituais de Santo Inácio.

Os exercícios espirituais: o frêmito da morte dando pulso à reconquista da península que é o corpo.

A foto acima foi tirada en La Alhambra.

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